TOTOX A-Z: the importance of being fresh
on May 07, 2025

TOTOX A-Z: a importância de estar fresh

Os produtos de óleo de peixe são valorizados pelos seus ácidos gordos ómega-3 (EPA e DHA), mas estes óleos são super sensíveis à oxidação. Com o tempo ou se forem mal armazenados, o óleo de peixe pode ficar rançoso, ganhando sabores estranhos e perdendo valor nutricional. Na indústria do ómega-3, o Valor de Oxidação Total, ou TOTOX, é usado como indicador geral da frescura e qualidade do óleo. Este guia vai explicar o que é o TOTOX, porque é importante para o óleo de peixe, como se mede e que passos a indústria dá – desde a origem até à rotulagem – para manter os produtos de óleo de peixe frescos.

O que é o TOTOX? Perceber a oxidação no óleo de peixe

TOTOX significa Valor de Oxidação Total, um parâmetro que reflete o estado geral de oxidação de um óleo. Junta medições dos produtos de oxidação primária (peróxidos) e de oxidação secundária (aldeídos) num só número. Matematicamente, o TOTOX calcula-se assim:

TOTOX = 2 × Valor de Peróxidos (PV) + Valor de Anisidina (AV).

Esta fórmula cobre tanto as fases iniciais como as mais avançadas da oxidação da gordura. O Valor de Peróxidos e o Valor de Anisidina são os dois componentes do TOTOX, cada um a medir um aspeto diferente da degradação do óleo. Para perceber o TOTOX, vamos dividir estes componentes:

Valor de Peróxidos (PV) – Oxidação Primária

Valor de Peróxidos (PV) mede a quantidade de peróxidos (produtos de oxidação primária) no óleo. Quando os ácidos gordos insaturados do óleo de peixe oxidam, os primeiros compostos a formar-se são hidroperóxidos lipídicos. O PV é expresso em miliequivalentes de oxigénio por quilo de óleo, indicando quanto oxigénio de peróxido foi gerado. Um PV alto significa que o óleo acumulou peróxidos da oxidação inicial. Mas o PV sozinho pode enganar – à medida que a oxidação avança, os peróxidos podem decompor-se em produtos secundários, fazendo o PV baixar mesmo que o óleo continue a degradar-se. Ou seja, um PV baixo por si só nem sempre prova frescura, porque os peróxidos podem já ter-se decomposto. Por isso, medir só a oxidação primária não chega; é preciso uma medida secundária para a oxidação em fases mais avançadas.

Valor de Anisidina (AV) – Oxidação Secundária

Valor de p-Anisidina (AV) avalia o nível de aldeídos (produtos de oxidação secundária) no óleo. À medida que os peróxidos do óleo rançoso se decompõem, formam compostos carbonílicos reativos como os aldeídos, que dão origem a sabores e cheiros estranhos. O AV é determinado por um teste colorimétrico: o óleo reage com o reagente p-anisidina, e o aumento da absorvância (cerca de 350–366 nm) indica a concentração de aldeídos. Na prática, o AV mede especificamente compostos como 2-alquenais e 2,4-dienais que resultam da decomposição dos peróxidos. Um AV mais alto significa que houve mais oxidação secundária. O AV é assim um marcador do histórico de oxidação, mostrando se um óleo já foi bastante oxidado mesmo que os níveis atuais de peróxidos sejam baixos.

Como o PV e o AV se juntam no TOTOX

Sozinhos, o PV e o AV contam só parte da história. O TOTOX junta estes valores para dar uma visão completa da oxidação, considerando tanto a formação contínua de peróxidos como o acúmulo de aldeídos vindos dos peróxidos já decompostos. Pela fórmula do TOTOX, o PV é duplicado porque os peróxidos são um sinal precoce que pode desaparecer à medida que se formam produtos secundários. O objetivo de usar o TOTOX é garantir que um óleo não está simultaneamente alto em peróxidos e aldeídos. Na verdade, os padrões internacionais definem um limite máximo de TOTOX que é mais baixo do que se ambos PV e AV estivessem no máximo permitido. O TOTOX, literalmente “oxidação total”, é usado em toda a indústria do óleo de peixe como índice de frescura e qualidade. Quanto mais baixo o TOTOX, mais fresco (menos oxidado) está o óleo. Por outro lado, um TOTOX alto indica um produto que já passou por bastante oxidação e pode ter qualidade inferior.

Porque é que o TOTOX é um indicador-chave de frescura e qualidade

A frescura conta – um óleo de peixe fresco vai dar os seus benefícios nutricionais sem aquele cheiro ou sabor horrível a ranço. O TOTOX é considerado um dos indicadores de qualidade mais importantes para óleos ómega-3 porque reflete diretamente quanta oxidação já aconteceu. Um valor de TOTOX baixo mostra que o óleo tem poucos produtos de oxidação, o que se traduz num sabor neutro e potência nutricional mantida. Como explicam os especialistas globais em ómega-3, quanto mais baixo o valor de TOTOX, maior a qualidade do óleo – significa que há menos subprodutos de oxidação (já que a oxidação é o principal fator que estraga a qualidade da gordura).

As entidades da indústria e reguladoras dão destaque ao TOTOX ao avaliar a qualidade do óleo de peixe. A Global Organization for EPA and DHA Omega-3 (GOED) descreve o TOTOX como “o indicador mais importante para determinar a qualidade do óleo de peixe”. Como o TOTOX capta tanto a oxidação inicial como a avançada, dá confiança a fabricantes e consumidores de que o óleo de peixe está mesmo fresco. Um óleo pode ter um valor de peróxidos baixo mas um valor de anisidina alto (indicando oxidação passada) – nestes casos, o TOTOX revela o problema, enquanto o valor de peróxidos sozinho podia parecer aceitável. Ao olhar para o TOTOX, evitamos ser enganados por óleos com oxidação escondida, seja em fase inicial ou já depois dos peróxidos. Resumindo, o TOTOX é um atalho para saber a frescura do óleo de peixe. É uma forma rápida de responder: Quão “fresco” ou “rançoso” está este óleo no geral? Um óleo de peixe de alta qualidade terá um TOTOX muito baixo, indicando oxidação quase nula e um produto que sabe e cheira a limpo.

Além disso, o TOTOX é fundamental para a proteção do consumidor. A oxidação do óleo de peixe pode ser difícil de detetar para quem compra, especialmente se o produto for encapsulado ou tiver saborizantes. Muitos suplementos de ómega-3 adicionam limão ou outros aromas precisamente para mascarar qualquer cheiro a peixe. Mas um teste de TOTOX no laboratório não mente – quantifica a frescura independentemente dos aromas. Para os profissionais da indústria, manter um TOTOX baixo é crucial não só para cumprir padrões de qualidade, mas também para proteger a reputação da marca – ninguém quer que o seu produto seja aquele que cheira a “peixe” ou falha nos testes de qualidade independentes. Em resumo, o TOTOX é uma métrica central que indica se um óleo de peixe está fresco e é de alta qualidade ou se já começou a ficar rançoso.

Padrões de qualidade e limites aceitáveis de TOTOX

O que é um “bom” valor de TOTOX? Os padrões internacionais dão referências claras para os níveis máximos de oxidação em óleos de peixe de alta qualidade. Tanto o Codex Alimentarius (código internacional de normas alimentares) como a GOED Voluntary Monograph (normas da indústria) especificam limites permitidos para o Valor de Peróxidos, Valor de Anisidina e TOTOX em óleos de peixe. Em geral, óleo de peixe premium deve cumprir os seguintes limites máximos:

  • Valor de Peróxidos (PV) – ≤ 5,0 miliequivalentes de oxigénio de peróxido por quilo de óleo

  • Valor de Anisidina (AV) – ≤ 20,0 (medida sem unidade, baseada na absorvância de aldeídos)

  • Oxidação Total (TOTOX) – ≤ 26 (calculado a partir do PV e AV como acima)

Estes limites marcam a fronteira entre frescura aceitável e possível ranço. Por exemplo, um PV de 5 meq/kg é considerado o máximo para óleos de qualidade – acima disso, o óleo já acumulou peróxidos a mais (oxidação primária). Um AV de 20 é o teto para produtos de oxidação secundária. Se tanto o PV como o AV estivessem nos limites, o TOTOX calculado seria 2×5 + 20 = 30, que está acima do limite de TOTOX de 26. O teto de TOTOX de 26 garante que nenhum dos tipos de produtos de oxidação está excessivo ao mesmo tempo. Na prática, os fabricantes apontam para valores bem abaixo destes máximos. Por exemplo, um óleo pode ter PV ~1 e AV ~3, dando um TOTOX à volta de 5 – sinal de um óleo excecionalmente fresco e dentro dos padrões.

As entidades reguladoras e de certificação seguem estes limites. O Standard for Fish Oils do Codex Alimentarius exige PV ≤5, AV ≤20, TOTOX ≤26 para a maioria dos óleos de peixe destinados ao consumo humano. A GOED Voluntary Monograph adota limites rigorosos semelhantes, e as empresas-membro da GOED têm de os cumprir. O programa International Fish Oil Standards (IFOS) e outros avaliadores independentes também usam estes números ao classificar produtos. Ultrapassar estes limites significa que o óleo de peixe está oxidado para além do que é considerado seguro e de qualidade – ou seja, seria marcado como rançoso ou abaixo do padrão.

Vale a pena notar que alguns fornecedores de óleo de peixe publicitam valores de TOTOX muito abaixo do limite de 26 para mostrar frescura (por exemplo, um TOTOX nos baixos dois dígitos ou até de um só dígito). Um TOTOX de 26 é o máximo para aceitação de qualidade, mas valores mais baixos são sempre melhores para o consumidor. Em resumo, óleos de peixe de alta qualidade vão sempre ter PV ≤ 5, AV ≤ 20 e TOTOX ≤ 26 segundo os padrões globais. Ao avaliar produtos de ómega-3, os profissionais costumam procurar resultados de testes ou certificados que confirmem que o óleo cumpre estes critérios.

Como a oxidação afeta a nutrição, segurança e propriedades sensoriais

A oxidação não muda só um número no relatório do laboratório – tem consequências reais para a integridade nutricional, segurança, sabor e cheiro do óleo de peixe. Perceber estes impactos mostra porque é tão importante controlar o TOTOX:

  • Integridade Nutricional: A oxidação destrói gradualmente os ácidos gordos ómega-3 benéficos do óleo de peixe. O EPA e o DHA começam a degradar-se quando reagem com o oxigénio. Por isso, um óleo de peixe oxidado (rançoso) dá menos benefícios à saúde. A investigação mostra que, à medida que os suplementos de óleo de peixe ficam mais oxidados, os benefícios nutricionais para o consumidor diminuem. Ou seja, óleo rançoso pode não dar os benefícios cardíacos, cognitivos ou anti-inflamatórios que os ómega-3 frescos dão, porque parte desses ácidos gordos já se degradou. Óleos muito oxidados também podem conter compostos que o corpo não reconhece ou usa tão bem como os ómega-3 frescos. Para quem toma óleo de peixe “pelos ómega-3”, um produto oxidado basicamente falha em dar a dose completa de ativos – é menos eficaz e não estás a receber aquilo por que pagaste.

  • Segurança e Saúde: Para além da perda de potência, há uma questão científica em aberto sobre se consumir gorduras oxidadas traz riscos diretos para a saúde. Algumas evidências sugerem que sim. Por exemplo, consumir óleos oxidados tem sido associado a inflamação vascular, que é um fator-chave nas doenças cardiovasculares. Estudos em animais mostram que grandes doses de lípidos oxidados podem causar danos nos órgãos e atrasar o crescimento, levantando preocupações sobre o consumo prolongado de gorduras rançosas. Embora os dados em humanos ainda estejam a surgir, os especialistas consideram sensato minimizar a ingestão de óleos oxidados por precaução. Um óleo de peixe muito oxidado pode aumentar os níveis de colesterol LDL (“mau”) ou marcadores de stress oxidativo, como sugerem alguns estudos. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) avaliou esta questão em 2010 e notou que, embora o PV e o AV sejam as melhores medidas de ranço, o conhecimento atual não permite definir um limite seguro para óleos de peixe oxidados – mas manter a oxidação baixa é claramente preferível. Resumindo, um óleo de peixe fresco não é só mais eficaz, é potencialmente mais seguro, enquanto um rançoso pode ter efeitos negativos (ou pelo menos subprodutos oxidativos desnecessários) no corpo. Até se saber mais, os padrões de qualidade jogam pelo seguro e exigem oxidação baixa.

  • Propriedades Sensoriais (Sabor e Cheiro): O efeito mais óbvio da oxidação é o ranço – aquele cheiro e sabor “estranhos”. O óleo de peixe fresco tem pouco ou nenhum odor e um sabor neutro, mas o óleo oxidado desenvolve um sabor forte a peixe e um cheiro podre, azedo. Isto deve-se a subprodutos voláteis da oxidação (como aldeídos e cetonas) que se libertam à medida que o óleo se estraga. Os humanos são muito sensíveis a estes sinais; na verdade, o cheiro a peixe rançoso é um aviso natural que grita “não comas”. Para os consumidores, um suplemento de óleo de peixe que provoca arrotos a peixe ou tem um cheiro horrível quando se abre é sinal de oxidação. O sabor e o cheiro são críticos para a adesão – ninguém vai continuar a tomar um suplemento que dá vómitos. Por isso, muitos óleos de peixe são aromatizados (menta, citrinos, etc.) para mascarar qualquer oxidação ligeira. Mas o aroma pode esconder o problema mas não resolve. Um óleo extremamente oxidado pode continuar a saber mal mesmo com aroma, e mesmo que não saiba, o consumidor está a ingerir esses compostos de oxidação. Na indústria alimentar, painéis sensoriais e feedback dos consumidores são usados juntamente com as medições de TOTOX. Se um óleo se aproxima do limite de TOTOX, é muito provável que já tenha pelo menos um defeito de cheiro ou sabor detetável. O ranço não é só desagradável – é basicamente uma falha de qualidade que pode destruir a confiança do consumidor (ninguém quer que “óleo de peixe” saiba literalmente a peixe velho). Por isso, manter a oxidação baixa garante que o produto se mantém agradável e saboroso, além de nutricionalmente seguro.

Resumindo, a oxidação rouba ao óleo de peixe o que ele tem de bom e pode trazer problemas: menos benefícios de ómega-3, possíveis efeitos negativos e uma experiência sensorial horrível. Estas são razões de sobra para os fabricantes minimizarem a oxidação (TOTOX baixo) e para os profissionais monitorizarem os valores de oxidação nos produtos de óleo de peixe.

Medir o TOTOX: como a indústria testa a oxidação

Dada a importância de controlar a oxidação, a indústria do óleo de peixe estabeleceu métodos de teste laboratoriais padronizados para quantificar o PV e o AV (e assim o TOTOX). Os laboratórios de controlo de qualidade – internos ou independentes – fazem estes testes regularmente nos lotes de óleo de peixe:

  • Teste do Valor de Peróxidos (PV): O método clássico para o PV é uma titulação iodométrica. Neste teste, a amostra de óleo é tratada com iodeto de potássio; quaisquer peróxidos presentes oxidam o iodeto a iodo. A quantidade de iodo gerada (titulada com tiossulfato de sódio usando um indicador de amido) corresponde ao conteúdo de peróxidos, reportado em meq O₂/kg. Existem protocolos oficiais (ex: ISO 3960 ou AOCS Cd 8b-90) que detalham este procedimento. Alguns laboratórios modernos usam kits de teste de peróxidos automáticos ou tituladores potenciométricos para eficiência, mas a química é a mesma – medem os níveis de hidroperóxidos. O teste de PV capta especificamente esses compostos de oxidação primária que se formam no início do ranço.

  • Teste do Valor de Anisidina (AV): Para medir a oxidação secundária, os laboratórios fazem o teste de p-Anisidina (normalmente seguindo o Método Oficial AOCS Cd 18-90). O óleo é dissolvido num solvente e reage com p-anisidina, uma amina aromática, que reage com os aldeídos da amostra. Esta reação produz um complexo colorido, e a intensidade da cor é medida num espectrofotómetro a um comprimento de onda específico (tipicamente 350–366 nm). A leitura da absorvância é usada para calcular o valor de anisidina. No fundo, quanto mais alto o AV, mais compostos aldeídicos havia na amostra de óleo. Este teste é sensível a compostos como aldeídos insaturados que contribuem para sabores estranhos. Como os aromas ou certos aditivos podem interferir na leitura, os testes em óleos aromatizados exigem interpretação cuidadosa (alguns laboratórios desenvolveram métodos modificados para óleos de peixe aromatizados para evitar falsos positivos vindos dos compostos do aroma).

  • Calcular o TOTOX: Depois de obter o PV (um valor numérico, ex: em meq/kg) e o AV (sem unidade), o laboratório calcula o TOTOX pela fórmula TOTOX = (2 × PV) + AV. Por exemplo, se um óleo de peixe tem PV = 2,0 e AV = 10,0, o TOTOX será (2×2,0) + 10,0 = 14,0. Este valor combinado é reportado como índice de oxidação geral. É importante que o PV e o AV usados para o TOTOX venham da mesma amostra e reflitam o óleo do produto final, porque a oxidação pode mudar com o tempo. As diretrizes da GOED indicam que o TOTOX deve ser calculado com resultados dos testes do produto acabado, não de lotes separados ou de fases anteriores do processamento. Na prática, os fabricantes de confiança testam cada lote de óleo para PV e AV no momento da produção (e às vezes no fim do prazo de validade para dados de estabilidade) para garantir conformidade.

  • Frequência e Controlo de Qualidade: Os produtores de óleo de peixe costumam fazer testes de oxidação em várias fases – no óleo bruto (óleo de peixe cru à saída da fábrica), depois do refino/concentração e no produto final encapsulado ou engarrafado. O valor de peróxidos pode aumentar durante o armazenamento, por isso algumas empresas fazem testes periódicos durante o prazo de validade do produto. Muitas empresas incluem as medições de oxidação no Certificado de Análise (COA) de cada lote. Por exemplo, um COA pode indicar “PV = 3 meq/kg, AV = 7, TOTOX = 13” juntamente com pureza e teor de EPA/DHA. Serviços de teste independentes (como ConsumerLab, IFOS ou NSF) também podem verificar estes valores. Os métodos usados são padronizados para que os resultados sejam comparáveis entre laboratórios em todo o mundo.

Ao medir cuidadosamente estes parâmetros, a indústria garante que o óleo de peixe que chega ao mercado está dentro dos limites de frescura. Se um lote testasse acima dos limites (ex: TOTOX > 26), normalmente seria rejeitado ou reprocessado se possível. Felizmente, o processamento moderno e os antioxidantes mantêm a oxidação baixa logo de início. Resumindo, o teste de TOTOX envolve análises químicas simples – titulação para peróxidos e teste espectrofotométrico para aldeídos – que juntos protegem a qualidade do produto. Para profissionais da indústria alimentar, conhecer estes testes é importante, pois são a base das decisões sobre prazo de validade e especificações de lançamento de produtos de ómega-3.

Da origem à prateleira: origem, armazenamento e rotulagem para preservar a frescura

Controlar a oxidação no óleo de peixe exige atenção em todas as fases – desde a origem das matérias-primas até à embalagem e instruções no rótulo. Eis como os produtores e fornecedores gerem o TOTOX e garantem a frescura:

  • Origem e Produção: Tudo começa com o peixe cru e o processo de extração do óleo. Os óleos de peixe mais frescos vêm muitas vezes de pescas que tratam o peixe rapidamente e o mantêm frio para evitar decomposição. Assim que é extraído, o óleo de peixe cru pode começar a oxidar logo se não for bem tratado. Os melhores produtores usam técnicas como processamento sob gás inerte (azoto) para excluir o oxigénio durante a extração e refino do óleo. Antioxidantes (como tocoferóis mistos, ou seja, vitamina E) são frequentemente adicionados logo após a extração para estabilizar o óleo. O óleo também é muitas vezes arrefecido ou mantido em vácuo durante o processamento. Um fator-chave é o tempo – quanto mais curto o tempo entre a captura do peixe e a estabilização do óleo, melhor. Óleos de peixe de alta qualidade podem ser destilados molecularmente ou purificados, o que remove impurezas que podiam acelerar a oxidação (como metais pesados) e reduz os peróxidos iniciais. Os fabricantes sabem que os valiosos ácidos gordos ómega-3 são super sensíveis à oxidação, por isso desenham o processo de produção para minimizar a exposição ao calor e ao oxigénio em todas as fases. Por exemplo, algumas empresas obtêm óleo de espécies naturalmente ricas em antioxidantes ou processam fígados imediatamente a bordo dos barcos. O resultado de uma origem e produção cuidadosas é um óleo que começa com PV e AV extremamente baixos, ou seja, já parte à frente em termos de frescura.

  • Armazenamento e Manuseamento: Depois de produzido, as condições de armazenamento são críticas para evitar que a oxidação se instale. Três fatores aceleram a oxidação do óleo: oxigénio, calor e luz. As melhores práticas da indústria incluem armazenar o óleo a granel em recipientes herméticos (muitas vezes tambores ou tanques com azoto) para limitar o oxigénio, manter o óleo frio (refrigerado ou pelo menos em armazém climatizado) e usar recipientes opacos ou escuros para bloquear a luz. Muitos óleos de peixe a granel são guardados em tambores de aço com revestimento interno de epóxi e uma camada de gás inerte por cima do óleo. Mesmo ao nível do consumidor, estes princípios aplicam-se: óleos líquidos de peixe são vendidos em garrafas de vidro escuro e cápsulas em frascos opacos ou blisters. A embalagem ajuda a proteger o óleo da luz e do ar. Durante o transporte, pode usar-se embalagem isolante em climas quentes para evitar temperaturas altas. Os fabricantes também costumam incluir antioxidantes extra como extrato de alecrim ou palmitato de ascorbilo na fórmula final para apanhar qualquer oxigénio que entre. Recomenda-se que, depois de aberto, os consumidores guardem os produtos de óleo de peixe num local fresco, escuro e com a tampa bem fechada para manter a frescura. De facto, os rótulos normalmente aconselham guardar os suplementos num “local fresco e seco” – isto serve para abrandar a oxidação e também o crescimento microbiano. Ao controlar o ambiente à volta do óleo, as empresas procuram manter o TOTOX baixo durante todo o prazo de validade do produto. Por exemplo, um produtor relatou que, com produção cuidadosa e armazenamento a frio, os valores de oxidação do seu óleo de peixe mantiveram-se super baixos (PV abaixo de 2, AV abaixo de 5) mesmo após dois anos.

  • Embalagem e Rotulagem: A embalagem é a primeira linha de defesa do óleo, mas a rotulagem dá as instruções e garantias ao utilizador final. Muitas marcas focadas na qualidade destacam a frescura nos rótulos ou marketing – algumas até imprimem o valor de TOTOX ou uma “garantia de frescura” na embalagem. Embora nem todas as empresas indiquem o TOTOX no rótulo para o consumidor, a informação pode estar disponível a pedido ou via QR code para um Certificado de Análise. Os rótulos incluem, no entanto, datas de validade ou “consumir de preferência antes de” que são definidas com base na estabilidade prevista da oxidação. Um produto com dois anos de validade, por exemplo, tem de ser formulado e embalado para que o seu TOTOX se mantenha ≤ 26 (e idealmente bem mais baixo) até ao fim desses dois anos. Isto envolve muitas vezes testes de estabilidade acelerada (armazenar o óleo a temperatura mais alta durante algumas semanas para simular armazenamento prolongado) para garantir que a oxidação se mantém controlada. Além disso, os rótulos indicam como guardar o produto depois de aberto (ex: “refrigerar depois de abrir” para alguns óleos líquidos, ou “manter bem fechado num local fresco”). Estas instruções não são só para encher – segui-las ajuda o consumidor a não promover sem querer a oxidação do seu óleo de peixe. Do lado da origem, marcas que seguem a monografia GOED ou outros padrões podem incluir frases como “Cumpre os padrões de qualidade GOED” nos sites ou materiais, dando confiança aos consumidores informados. Alguns produtos têm selos de programas de teste independentes (por exemplo, IFOS 5-Star Certification, que exige oxidação baixa entre outros critérios). Tudo isto comunica que a empresa leva a oxidação a sério. Por fim, as exigências legais de rotulagem em muitos países obrigam a indicar se um óleo é refinado e, por vezes, a indicar a adição de antioxidantes na lista de ingredientes. A rotulagem transparente de antioxidantes (ex: “contém vitamina E como conservante”) pode mostrar que o fabricante protegeu ativamente a frescura do óleo.

No fundo, garantir um TOTOX baixo no óleo de peixe é um processo holístico – desde a escolha de matérias-primas frescas, uso de estratégias antioxidantes, controlo das condições de armazenamento, até à orientação ao consumidor. Fornecedores de óleo de peixe de confiança costumam ir mais longe, testando cada lote para oxidação e tornando esses resultados acessíveis. O resultado é um produto que se mantém fresco e eficaz durante toda a vida útil, mantendo a confiança dos consumidores e profissionais de saúde.

Conclusão: o fator frescura

O TOTOX pode soar a métrica técnica, mas resume-se a uma verdade simples: óleo de peixe fresco é óleo de peixe melhor. Ao manter o olho no TOTOX (e no PV e AV que o compõem), a indústria garante que os suplementos e ingredientes de óleo de peixe continuam seguros, nutritivos e agradáveis de consumir. Para profissionais de nutrição e formuladores, perceber o TOTOX é essencial para avaliar a qualidade dos produtos de ómega-3 – um TOTOX baixo significa que o óleo foi bem tratado, enquanto um TOTOX alto é sinal de alerta. Graças aos padrões da GOED, Codex Alimentarius e outros, a fasquia está alta: óleos de peixe de qualidade devem ter oxidação mínima, normalmente com valores de TOTOX nos baixos vinte ou menos.

No mercado super competitivo do ómega-3, a importância de ser fresco não pode ser subestimada. O ranço não só afasta os consumidores pelo mau sabor e cheiro, como também mina os objetivos de saúde que estes produtos querem apoiar. A boa notícia é que, com técnicas modernas de produção e testes rigorosos, atingir e manter um TOTOX baixo é mesmo possível. As empresas que dão prioridade a isto (e o comprovam com resultados de laboratório) costumam partilhar essa informação com orgulho, sabendo que isso diferencia a sua qualidade. Como profissional da indústria alimentar ou de nutrição, deve-se sempre considerar os níveis de oxidação ao recomendar ou formular produtos de óleo de peixe. Afinal, um suplemento de ómega-3 só pode dar os benefícios prometidos se for o mais fresco possível. Em resumo, o TOTOX dá uma visão de A a Z sobre a frescura do óleo de peixe – ao monitorizá-lo e minimizá-lo, garantimos que a qualidade do óleo se mantém desde a produção até ao consumo, mantendo a reputação dos suplementos de óleo de peixe em alta (e sem cheirar a peixe velho).

Referências

  • Padrões de qualidade e oxidação referenciados do Codex Alimentarius – LINK
  • Diretrizes da GOED Monograph – LINK
  • Conceitos e impactos da oxidação baseados em literatura da indústria e resultados de investigação – LINK, LINK, LINK, LINK

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